Jailson da Hora Santos (Japaratuba-SE, 21 de Outubro de 1956 - 12 de Setembro de 2023) foi um músico, compositor, comerciante, agricultor e político brasileiro. Nasceu no povoado Encruzilhadas, filhos dos também agricultores Aguinaldo Pereira dos Santos e Josefa da Hora de Jesus. É pai do escritor Flávio Hora.
Biografia
Jailson viveu praticamente toda a infância em sua terra natal e desde os 8 anos de idade começou a trabalhar na roça para ajudar no sustento da família e já no início da juventude participava de novenas e festas da comunidade como tocador de pífanos, tradição herdada de tios e do avô materno, Seu Dóia ( apelido de Manoel da Hora de Jesus). Foi jogador de futebol do time de Encruzilhadas, foi líder sindical e apoiou diversos movimentos sociais.
No início da idade adulta viajou para São Paulo para trabalhar e honrar seus compromissos, em 1979. Antes disso, participou da histórica "Última Novena do Possão", no dia 13 de Dezembro de 1978, na casa de José Matilde, mais conhecido como Zé dos Possões, ex-vereador de Japaratuba.
Em 1985, estabeleceu-se em Encruzilhadas como principal comerciante. Em 1993, passou a residir também na sede do município, vindo a se instalar no bairro Rodagem vivendo do comércio, criando assim em 2001 sua empresa "JHS" que perdurou de 1993 até 2007.
Em 2004, candidatou-se a vereador pelo PTC, com o número 36113, adotando o nome de Jailson de Encruzilhadas, repetindo a candidatura em 2008 já pelo PSDC com o número 27555. Em ambos os pleitos não obteve êxito nas urnas, preferiu deixar a vida pública como ativista política, participando apenas nos bastidores como liderança local. Um dos seus principais objetivos era a criação de um "Centro de Atendimento ao Cidadão".
Em Fevereiro de 2005, com a crise do comércio em Japaratuba, mudou a loja para o povoado Várzea-Verde, onde manteve-se até o final de 2008. Nesse período, alugou um prédio no vizinho povoado Sibalde e manteve-se pessoalmente com a atividade comercial até o final de 2009, quando em 2010 sofrendo nova crise no mercado empresarial, no dia 17 de Abril de 2010 adentrou o MST - Movimento dos Sem Terra.
No MST foi líder de grupo mantendo influência por conta do conhecimento adquirido sobre a luta dos trabalhadores rurais e pela experiência com o trato da terra.
Depois de mais de um ano no MST, Jailson retornou ao povoado Várzea-Verde, reabrindo sua loja em uma área estreita, um "corredor" da sua recém aquisição de uma pequena área de terra na localidade. Logo depois, construiu uma estrutura maior que perdura até hoje. No final de 2015 passou por um tratamento médico de mais de 36 dias.
Jailson foi considerado um divisor de águas no desenvolvimento da região, impulsionando a economia local e fomentando a geração de emprego e entusiasmando pessoas a voltarem ao povoado pois agora já "tinham onde comprar as coisas". Com isso, se firmou como comerciante desde 1985 até a sua morte, em Setembro de 2023.
Carreira Musical
Jailson aprendeu a tocar de ouvido através das novenas e festas da região, conforme ele mesmo contou. Além de tocar músicas folclóricas e já conhecidas compôs diversas outras. Seus parceiros foram seu irmão José da Hora ( Brisdo ), o amigo Brune ( Bruno Paulo ), seu tio Tati ( Norberto da Hora ) e os amigos Gelvácio ( Vasso ) e por último Manoel.
Vasso e Jailson tocando em Festa de Reis/Japaratuba
Imagens: Flávio Hora
Era o Mestre da Banda de Pífanos de Geração em Geração, formação musical que surgiu como principal animação das novenas e festas tradicionais da região de Japaratuba. Existente a mais de 100 anos foi iniciada pela família Hora, no Povoado Encruzilhadas, com o chamado Terno da Zabumba, antigo nome dado ao conjunto por causa do acompanhamento com instrumentos rústicos como o zabumba (tambor rústico), a caixa e o pífano (flauta transversal rústica). A banda era composta por no mínimo três pessoas.
As principais e mais famosas novenas são as realizadas durante a Quaresma culminando na de Sexta-Feira da Paixão e a de Santo Antônio em Junho. Todas realizadas na residência do Velho Dóia, antes no Sítio Varginha e hoje na casa de seu Aguinaldo, genro do velho (esposo de D. Caçula, filha de seu Dóia). Os mais conhecidos tocadores, em sua maioria, eram ou são filhos e netos do velho Dóia, como Tati (pífano) e Zé de Dóia, os netos Jailson, João de Zé de Dóia, Loló, Brisdo, Oliveira, além de parentes como Luís, Zé Paulo e os amigos Bruno Paulo (pífano), Pelado, Viado, Rael e Vasso. Após a morte dos filhos de seu Dóia a Banda continuou com os demais componentes, como Franklin, Ivanildo Souza, o Poeta Afamado (filho de Loló).
Política
Na política, Jailson tinha uma visão universal sobre o papel do administrador (o prefeito) e do legislador (o vereador) e por isso sabia que o cargo não seria seu e sim do povo. Na primeira eleição (2004) foi o único a se apresentar formalmente de "paletó e gravata", fato que deu um tom formal a sua candidatura, fazendo com que no pleito seguinte abandonasse o formalismo aparecendo de "manga de camisa" na foto, como costumava dizer.
Resumo da proposta:
"Seus Objetivos...
Em primeiro lugar, não vou prometer nada e sim fazer o que, em minha opinião, é obrigação de um vereador. Se eleito, quero estar junto com o povo, conversando, fazendo reuniões em busca de soluções e melhorias para o povo que me elegeu.
Há mais de 30 anos que voto e não quero ser aquele vereador ou candidato que só aparece em sua casa de quatro em quatro anos.
Por fim, para concretizar a minha aliança, quero construir um espaço ou sede onde o povo possa me encontrar ou falar diretamente comigo pelo menos uma vez na semana, pois, se eleito, serei vereador de todo o município e por ele precisarei trabalhar.
Os primeiros locais serão no bairro Rodagem em Japaratuba e nos povoados Várzea-Verde e Sibalde. Com o tempo pretendo estender a todos os povoados para que o povo com orgulho possa dizer: minha cidade ou meu povoado tem um vereador."
Cultura
Amante da cultura e da identidade do seu povo, Jailson deu continuidade às festividades tradicionais da família e da sua comunidade, atavés da Banda de Pífanos de Geração em Geração.
Morte
Jailson era diabético, mas trabalhava e participava ativamente das festividades comerciais, agrícolas e religiosas como de costume. Na noite de 12 de Setembro de 2023 por voltas das 21 horas, passou mal em sua residência já chegando sem vida ao atendimento médico. Deixou esposa, quatro filhos e muita saudade. Seu corpo foi velado em sua residência, sendo sepultado no Cemitério Municipal.